IASP discute impacto das guerras na vida das mulheres com Sylvia Steiner, ex-Juíza da Corte Penal Internacional
Palestra abordou violência sexual, estigmatização e medidas internacionais de proteção
Os impactos da guerra e da violência armada na vida de milhões de meninas e mulheres foi tema do debate promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) na quarta-feira (10/09), com a ex-desembargadora do TRF3 e Juíza da Corte Penal Internacional Sylvia Helena de Figueiredo Steiner, que trouxe reflexões sobre mulheres em situações de conflito.
O diretor administrativo Luiz Antonio Alves de Souza destacou a satisfação em receber Sylvia, “antiga amiga e militante de causas fundamentais”. Em sua fala, enalteceu a trajetória da palestrante e apontou que a guerra deixou de ser uma atividade limitada ao campo militar para se tornar um fenômeno global, que afeta todos os aspectos da vida nos países envolvidos. Luiz Antonio apontou que, em muitos cenários, mulheres e crianças carregam o maior peso da guerra. “Ignorar a existência da mulher é ignorar a existência da sociedade”, concluiu.
Sylvia compartilhou sua trajetória e experiências no Tribunal Penal Internacional, onde atuou em casos envolvendo mulheres e meninas em conflitos armados. A desembargadora lembrou que, historicamente, o papel atribuído às mulheres foi de submissão e vulnerabilidade, e que em guerras sempre estiveram sob ameaça de violação e exploração sexual. “A violência sexual contra a mulher, em guerras, sempre foi tida como inevitável”, afirmou.
A jurista destacou ainda aumento da utilização de “meninas-soldado”, o genocídio em Ruanda, a contínua exploração sexual das mulheres nesses campos de guerra e os efeitos diretos nesses cenários: prostituição, estigmatização e abandono pelas próprias famílias. Sylvia, contudo, também abordou a evolução das medidas internacionais de proteção às mulheres, ressaltando que, apesar do cenário ruim, muitos avanços foram feitos na legislação.
A presidente da Comissão de Direito das Mulheres, Roberta Toledo, ressaltou a importância do tema e a honra de receber uma convidada internacional com tanta experiência. Para ela, a guerra não pode ser compreendida apenas como um conflito militar: “Deveriam ser consideradas as questões de ética e de natureza humana, não apenas as questões políticas e militares”. Roberta lembrou que, segundo a ONU, 612 milhões de mulheres e meninas são afetadas por guerras ao redor do mundo.


