Em palestra no IASP, jornalista aponta avalanche de fake news
Evento da Comissão de Políticas e Mídias Sociais recebe Marc Tawil, comunicador que aponta a “necessidade de respeitar” a opinião alheia na arena digital
Por Avocar Comunicação
Na era digital e das mídias sociais, as vidas pessoais, profissionais e institucional se misturam num ambiente que se modifica constantemente, que acirra conflitos e vítima das fake news. Para discutir o tema, a Comissão de Políticas e Mídias Sociais do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) recebeu o comunicador Marc Tawil para a palestra “Da BBS à Web3: os desafios da Era da Comunicação”, sediado no no dia 25 de outubro, foi organizado pela Comissão de Políticas e Mídias Sociais e recebeu o jornalista e comunicador Marc Tawil para discutir o tema.
Na mesa estavam o presidente da Comissão de Políticas e Mídias Sociais, Marcio Pestana, o vice-presidente da comissão, Luiz Fernando do Amaral, a debatedora Mariana Amorim e o secretário da comissão, Mauricio Felberg. O evento contou também com a presença da ex-presidente do IASP, a advogada Maria Odete Duque Bertasi, na plateia.
Marc destacou a importância da responsabilidade ao publicar algo nas redes: “A comunicação é a arte de se fazer entender. Temos que tomar cuidado de nos fazer entender na rede social e fora delas. E também é preciso respeitar. Escutar o outro não significa concordar, mas pelo menos respeitar”.
Marc é um Top Voice no LinkedIn, status que recebe com honra e grande responsabilidade. Em sua exposição, comentou os principais desafios de tamanha visibilidade nas redes: “Nesse meio, vemos acontecer o storytelling. É algo que invade publicidade, narrativas. É uma arte de construir ideias e mensagens, e o que temos visto em relação a isso é uma profusão de fake news”.
Cada vez mais assistimos a uma verdadeira “avalanche de mentiras”, afirmou. Institutos de checagem não têm tempo de comprovar a veracidade de uma fala, que pode acabar se transformando em um dado protagonista. Dessa forma, é fundamental fazer uma curadoria do que recebemos: praticar o storydoing, isto é, procurar saber quem viveu a história que está sendo contada.
O palestrante ressalta a complexidade do momento pós-pandêmico no qual estamos inseridos: “É um contexto comunicacional. As pessoas precisam reaprender a se comunicar, ser acolhidas e ouvidas. Se por um lado as crises de alguns anos atrás tinham algum referencial, a crise da Covid-19 é algo novo. Temos a oportunidade de construir esse mundo que queremos.”
E a nova sociedade já vem sendo vislumbrada com a Indústria 5.0, baseada em três grandes pilares: qualidade de vida, sustentabilidade e inclusão. “Estamos vendo isso acontecer. Falamos mais de ESG, de sustentabilidade do mundo dos negócios, e acreditamos que as novas tecnologias possibilitam um mundo com menos preconceito”, ponderou Marc. E traz à luz um novo tipo de comunicação que surgiu na pandemia: vimos surgir podcasts de duas horas, uma explosão de vídeos curtos, a aceleração de áudios e vídeos. “Cada vez mais temos visto conteúdos mais dinâmicos, orgânicos e com estética própria. Não precisa mais ser uma megaprodução”.
Atualmente, estamos nos informando ouvindo podcasts, usando rede social, assistindo vídeos tutoriais. Surgiram também os novos formatos para acessar essa nova comunicação, através dos dispositivos móveis, onde se produz e se consome o conteúdo. E os criadores de conteúdo também são mais diversos: “A oportunidade que jovens da periferia, que antes não tinham nenhum acesso, passaram a ter para produzir. O movimento Black Lives Matter trouxe muito essa pauta. O mundo percebeu que estávamos na contramão. Em um país como o Brasil, não é possível que não tenha pessoas pretas e periféricas falando”.
O futuro que celebramos hoje, da Web3, somos nós que vamos construir. Ao relembrar as tecnologias desde os tempos da BBS, Luiz Fernando constatou: “Antes não tínhamos o objeto e imaginávamos o que poderia ser criado. Hoje, temos o objeto, mas não sabemos qual o alcance dele”.
Como levantado pelo presidente da comissão, Marcio Pestana: “Estamos aqui para aprender, mesmo porque a ignorância é infinita”. A Comissão de Políticas e Mídias Sociais foi fundada em 2019 e objetiva “estudar as repercussões jurídicas e sociais das mídias sociais nos políticos e na administração pública”.
A comissão, que reúne mais de 30 profissionais entre advogados e outros especialistas como cientistas sociais e profissionais de comunicação, promovendo encontros como esse de outubro regularmente. Em 2020, foram organizados webinares sobre o Projeto de Lei 2630/2020, com a participação de advogados e de parlamentares, como os deputados federais Marcel Van Hatten, Joice Hasselmann e Tabata Amaral.
Em 2021, foi lançado, pela editora IASP, o ebook Fake news: riscos à democracia, com mais de dez especialistas para discutir a questão do ponto de vista jurídico.