IASP discute políticas inclusivas para a mulher negra 

Por Avocar Comunicação

Promovido pela comissão de Direito Antidiscriminatório, evento discutiu das cotas raciais aos fundamentos para uma democracia contra-hegemônica. 

Em comemoração ao dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o IASP sediou o evento “Cotas Raciais: o Direito e a Democracia na perspectiva de Raça e Gênero”, o Seminário foi organizado pela Comissão de Direito Antidiscriminatório do IASP e pela Comissão de Igualdade Racial e Gênero da OAB Pinheiros.

Com a intenção de trazer reflexões essenciais para a construção de uma democracia inclusiva, diversa e igualitária, o evento apontou  para os 10 anos de vigência da lei de cotas raciais para Ensino Superior, estabelecida pela Lei nº 12.711/2012. “É importantíssimo o IASP trazer esse debate para dentro dessa casa, uma vez que esse ano discute-se a importância da continuidade da Lei de Cotas que tem como papel fundamental a inserção de pessoas negras, historicamente excluídas, para dentro das universidades e academias”, destacou a presidente da Comissão de Direito Antidiscriminatório, Luanda Pires. 

O evento contou com três painéis: “Intelectualidade negra: pesquisadoras negras na academia”; “Interseccionalidade: a construção do ser para os direitos humanos e a perspectiva de gênero e raça” e; Construindo a democracia anti hegemônica: mulheres negras na política. 

Homenageando a primeira professora negra da USP com uma cadeira definida, Eunice Aparecida de Jesus Prudente, o primeiro painel se centrou na discussão da importância da pessoa negra na universidade e da manutenção dessa população nos espaços conquistados. “As políticas afirmativas não só permitem o acesso à universidade para uma maioria marginalizada, como também permite que a produção do conhecimento ganhe outras matizes”, ressaltou a procuradora geral do estado de São Paulo, Inês Coimbra. 

A professora Dra. Eunice Prudente destacou o papel das Comissões de Igualdade Racial na luta pela inclusão de mais pessoas negras em lugares de poder e de proteção para aqueles que já conquistaram. 

 “Por que existe ainda tantas assimetrias de raça e gênero em todas as esferas da sociedade?”, questionou a advogada e professora Rosana Rufino, não deixando de lembrar dos anos de luta e conquistas antirracistas e feministas.

O segundo painel, que homenageou a Dra. Inês Coimbra, tratou das diferentes dimensões de opressão que determinados grupos sofrem em sua vida, conforme destacou a pesquisadora Simone Henrique. “A gente tem que pensar na interseccionalidade sim. Temos que pensar quantas opressões nos atravessam”, ressalta.

A pesquisadora e advogada ainda enfatizou como trazer soluções para o nosso dia-a-dia. “Ler mulheres negras. Citar mulheres negras. Indicar mulheres negras. Contratar mulheres negras. Contratar homens negros. Contratar pessoas LGBTQIA+. Indicá-las. Torná-las suas referências”.

A última mesa do evento, que homenageou a deputada estadual Erica Malunguinho, tratou da construção de uma democracia mais igual e horizontal, incorporando mulheres negras na política. “Nós precisamos entender e ter interesse com as relações políticas, com a necessidade de termos representantes negros nesses espaços”, ressaltou a advogada Diva Zitto. 

A psicóloga Maria Aparecida Pinto, em consonância com Diva, afirmou: “A gente jamais pode delegar a outro aquilo que é nossa obrigação. E quando eu dou a minha cara, a minha voz não é porque eu sou melhor do que ninguém… é porque política para mim é serviço”.

O evento permanece gravado no canal do youtube do IASP e pode ser acessado clicando aqui